(óleo de Vieira da Silva)
Fonte: http://sambaquis.blogspot.com/2009/03/jorge-tufic-queima-roupa.html
1) O que é poesia para você?
Deve ser o substrato da
primeira manhã do universo, algo que teria se fixado em minha retina nos albores
de minha infância em Sena Madureira-Ac, lá pelos idos de 1935. Um cenário
bucólico onde o rio, a mata, os igapés, violões à distância e o desafio dos
cantadores nordestinos, soldados da borracha, tanto me deslumbravam quanto
acenavam desafios que somente anos depois eu viria a aceitar, compondo o meu
primeiro soneto. É um sentimento forte demais para uma criança que ainda não
tinha amigos nem brinquedos.
2) O que um iniciante no fazer
poético deve perseguir e de que maneira?
Um iniciante no fazer
poético deve perseguir os bons livros de poesia. Devorá-los em silêncio, de
preferência contido diante de qualquer impulso ou chamado para os primeiros
rascunhos, tarefa essa que deve ficar para quando dispor de muito papel para ser
gasto. A ilusão de texto definitivo é um dos véus de Maia nessa fase de busca de
estilo e de linguagem.
3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos
referenciais para seu trabalho poético. Por que destas
escolhas?
Minha escolha de três poetas-modelos recai sobre
Jorge de Lima, Manuel Bandeira e Ferreira Gullar. O
primeiro pela sua exuberância e riqueza de metáforas, o segundo pela
simplicidade e o terceiro pela extrema economia verbal, sem abdicar do discurso
lírico e da participação social.
Jorge Tufic nasceu em Sena
Madureira, Acre, a 13 de agosto de 1930. Viveu em Manaus durante 46 anos, dali
saindo para morar em Fortaleza, em 10 de dezembro de 1991. É autor da letra do
Hino do Amazonas, entre vários livros de poesia, ficção e ensaio, perfazendo os
50 títulos publicados. Pertence a várias entidades, entre as quais a Academia
Amazonense de Letras, Academia Acreana de Letras e a Academia de Letras e Artes
do Nordeste, sendo, além disso, detentor de inúmeros prêmios literários, com
destaque ao Curso de Arte Poética, prêmio nacional da Academia Mineira de Letras
para o ano de 2003. É Comendador da Ordem do Mérito Cultural do Estado do
Amazonas, Cidadão Honorário de Fortaleza e colaborador do portal Cronópios da
Internet. Foi objeto de uma primorosa reportagem do jornalista Jacques Menassa
no jornal libanês Al Naher, já divulgado e traduzido para 80 idiomas. E-mail:
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