O PRIMEIRO SONETO
Mil novecentos e
quarenta e cinco.
Mercado Público Adolpho
Lisboa.
Da caneta tinteiro
então me escoa
a
letra (quase) de um soneto extinto.
Teria
ele o saboroso vinco,
a
magia do branco, a dor que soa;
não
precisava de rimar à toa,
nem
tinha chave, mesmo que de zinco.
A
caneta importada, o Suplemento
de
Artes & Letras deram-me, talvez,
a
ilusão desse extático momento.
Eram
versos tomados, em surdina,
a um
tempo que perdi. Fora-se a vez
de
um começo que nunca se termina.