terça-feira, 5 de junho de 2012

AGENDA 1965


15/junho
O gesto amargo do Presidente da República, mandando nossos processos de volta ao setor de origem, no caso, o DASP, altera consideravelmente os planos que tenho (operações-base) ainda para o segundo semestre de 1965. Os compromissos inadiáveis ficam ameaçados. Mais lenha na fogueira do desespero, mais desespero no lenho da crucificação.

16/junho
Fomos ao Grande Circo Mexicano. A meu ver, circo deve ser primitivo, original, sem a penosa mobilização de animais. Neste foi bom o desempenho dos trapezistas. Três palhaços coadjuvantes que entre um número e outro souberam diversificar as maneiras de rir, aumentando os aplausos. No mais, repetição e pastiche.
N. do A.- Algumas anotações datadas insistem na concretização de nossos sonhos como Servidores do Estado, lamentando a demora de Brasília e do Presidente em concluir por menos burocracia e mais ética no despacho dos processos em que somos interessados; e daí, também, a queixa nas dificuldades financeiras. Tenho saltado essas datas e, ante os assuntos repetidos e lamuriosos, vou saltar ainda mais até o final da agenda. Um exemplo de saturação vai na quadrinha abaixo, de 18/junho:

Problemas, problemas,
problemas sacaneadores,
em vez de belos poemas
dão-me apenas dissabores.


19/20/junho
Continuação de leitura do ¨terceiro Reich¨: o levante do gueto de Varsóvia. Pela manhã fui à Praça Gonçalves Dias, bati um papo com a turma do Clube. A seguir uma volta pelos bairros no jipe do Evandro Carreira. Tomamos um litro de Iauca sentados à mesa de um bar no ¨clima frio¨. Às 12:hs regresso ao lar, trazido no jipe com o Amazonino ao volante. Calor intenso. Rio parado, catraias indo e vindo entre as margens do igarapé. Agora um pouco de sesta.

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