terça-feira, 26 de junho de 2012

DUETO PARA SOPRO E CORDA


II

Morto para sempre? O que dizer,
se a própria metafísica se esquece
que o pilriteiro, em ramos, não floresce
onde não há ninguém para morrer?

Morto para sempre? Ser ou não ser,
nostalgia de um quando que apetece...
O que nasce, definha; e o que amanhece
há-de ao nada, sem dúvida, volver.

Desperta-se do sono com a surpresa
de Lázaro da breve noite escura
ao lento enrubescer da natureza.

Para sempre se morre? Assim, precário
vai-se o corpo visível da impostura,
mas fica, dele, o corpo imaginário.

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