terça-feira, 18 de setembro de 2012

AGENDA 1965



30/agosto

Quatro meses para o final do ano. Sérios atritos de minha mãe com minha cunhada Juth. Ela reclama pela casa da Joaquim Nabuco, despreza o anexo que meu irmão projetara, sua nova residência. Até aqui, portanto, tudo igual: metade de mim fica nesse bairro, a outra metade na rua Izabel. Não fomos trabalhar. A senhora que reside no térreo de nossa casa deu à luz uma criança do sexo feminino pesando a bagatela de três quilos. Parto demorado e sofrido. Nossa ajuda fora oportuna e o marido da parturiente demonstra sua gratidão. Maria Raquel é o nome da criança, filha do casal amigo Álvaro e Tereza de Oliveira.- Debate em forma de perguntas e respostas entre Décio Pignatari e a chamada ¨geração de 45¨anima o coreto literário do país.

02/set

O mundo é vasto, contraditório. Mas o importante é que os Eremitas da Itália poucos momentos dedicam à juventude transviada dos EE.UU, ou mesmo aos integrantes da Sociedade dos Apalpadores de Nádegas, em Paris. Podemos também afirmar que o mundo é uma fração apenas da crosta terrestre onde os nossos hábitos deitaram raízes juntamente com o hábito de viver.

03/set

Verão senegalesco, verão dos trópicos amazônicos. Cigarras, ao longe, festejam ao pé da mungubeira, traduzem as mutações do crepúsculo numa nostálgica tristeza de seus acordes evocativos.
* Passei o dia em casa. Minha mãe esteve conosco. Desentendera-se com a nora e pretende recuperar sua morada anterior no centro da cidade. Quando a vejo assim nesse estado, sinto um grande aperto no coração. ¨Histoire d´um crime¨, de Victor Hugo, no original. Antes eu lera o ¨La lis dans la vallé¨, de Balzac. Os termos ¨subversivo¨, ¨revolucionário¨, ¨esquerda¨,¨direita¨ já eram comuns naquele tempo, trinta anos após haver surgido o ¨Kapital¨, de K.M..

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