terça-feira, 6 de novembro de 2012

AGENDA 1965,


02/out.

Passamos o domingo no Parque 10 de Novembro. Nadei, corri, procurando graduar um sorriso mais jovem entre centenas de pessoas que ali se amenizavam da inclemência do verão amazônico. Elogiável a iniciativa do Prefeito Vinicius ao devolver um parque com a fisionomia de vinte anos atrás, agora ampliado e dotado de um pequeno zoológico. No placard político, as eleições acusam uma derrota da ditadura.

04/out.

Banco Comercial do Pará: reforma de título. A situação do país é caótica. Os golpistas fardados condenam ao ostracismo seus colegas civis que tomaram parte nos acontecimentos do primeiro de abril de 1964. Assim, Magalhães Pinto, Carlos Lacerda e Ademar de Barros seguem o caminho de volta, enquanto Juracy aguarda uma chance para entrar candidato. E o Jucelino no Brasil? Que vão fazer dele, de seu prestígio político?- Uma boa matinê com Eliana.- No bairro de Santo Antonio a papeira toma conta da família de meu irmão. Faço a vez de balconista, ajudando nas vendas da mercearia. Uma observação ao pé da página, quase ilegível: Por quê rabisco estas linhas? Refletirão elas, por acaso, todos os covis de meu dia-a-dia? Quantos fatos relevantes deixados ir, transfeitos em névoa!

16/17/out.

Estiveram em casa e aqui passaram o dia Hanneman Bacelar e Pe. Nonato Pinheiro. Hanneman é o grande pintor. Discretamente, ele esboça um retrato meu, a óleo.

19/out.

Um dia sem perspectivas. Até cerca das 15:hs estive às voltas com o caso dos ¨Lopes¨ da Polícia Civil. Quanta perversidade! Em Santo Antonio repassei a meu irmão a quantia mensal de 30.000, para ajudar nas despesas.

21/out.

De volta o ciganismo de D. Faride. E o sacrifício do velho se deslocando de Herodes a Pilatos. Que vem a ser esse distúrbio mental que muito raramente se instala em alguém de nossa família? A bem dizer, de grave mesmo, só conheço este. Os demais são vagos e jamais causaram transtornos. Termino a leitura de ¨A peste¨, de Camus. O bacilo que ¨não morre nem desaparece¨- ¨e chega o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acorda os ratos e os manda morrer numa cidade feliz.¨

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