quinta-feira, 30 de maio de 2013

CDA PENSA


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE PENSA
Era uma vez Drummond no banco duro
do bonde antes da náusea, apenas flor:
lia o jornal sem letras lendo o muro
nos tantos feitos para o desamor.

Mas, quem era Drummond nesse futuro
onde o passado argila-se na cor
do riso que de súbito misturo
ao Drummond proletário, agro de amor?

O Drummond que se inclina nesta foto
lembra um nenúfar, contemplando, ignoto,
o além dos móveis, lajes, artefatos.

É uma cegonha em busca de sua imagem
refletida na pedra, essa paisagem
de Itabira, um suspiro entre retratos.



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