sexta-feira, 2 de maio de 2014

POEMA-CORAL DAS ABELHAS



POEMA-CORAL DAS ABELHAS


Que sabe da morte a criança
Que sabe do trigo o fogão
Que sabe da grama o domingo
Que sabe da febre o ferrão
Que sabe do artelho o sapato
Que sabe do brinde o cristal
Que sabe do vidro a madeira
Que sabe da torre o castelo
Que sabe da ?or o pardal
Que sabe do peixe a tarrafa
Que sabe da fome o torresmo
Que sabe da chuva o telhado
Que sabe do amor o estafermo
Que sabe do crime a aliança
Que sabe da noite o arvoredo
Que sabe da pedra a cascata
Que sabe da luta a esperança
Que sabe do mar o silêncio
Que sabe do ouro o mercúrio
Que sabe do rio a paisagem
Que sabe do jogo a miséria
Que sabe de Homero o tugúrio
Que sabe da ?auta o gorjeio
Que sabe da fonte a miragem
Que sabe da trova a saudade
Que sabe do monte o centeio
Que sabe da lira o lagarto
Que sabe da terra o centauro
Que sabe da viga o morcego
Que sabe da rês o cutelo
Que sabe do tétano o dartro
Que sabe da faca o segredo
Que sabe da prece o defunto
Que sabe do enterro a escritura
Que sabe do gelo a fornalha
Que sabe do queijo o presunto
Que sabe do verde a lingüiça
Que sabe do índio Aristóteles
Que sabe do canto a roseira
Que sabe do arado a preguiça
Que sabe do cais o destino
Que sabe de Orestes o escudo
Que sabe do mundo o carbono
Que sabe do teucro o romano
Que sabe da estátua o seu dono
Que sabe de nós o que é humano
  Abelhas tiramos o mel
donde a bosta lógica planta
 todo o racional desamor

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