sexta-feira, 27 de junho de 2014
GUEORGUI ALEXÍEV
GUEORGUI ALEXÍEV
Uma só Grande Guerra
bastou
para tantas cicatrizes.
A do rosto começa a cobrir
um pouco abaixo das olheiras.
Os lábios também se reduzem
a um simples golpe
onde falta a costura.
Nos olhos, a estampa
de um quadro terrível.
Águias marinhas conferem
as culpas trucidadas.
E grasnam grasnam
pela infrutífera busca.
domingo, 22 de junho de 2014
FRAGMENTO
FRAGMENTO
À tarde e à noite
o poeta está ausente.
Relógio e calendário
marcaram do avesso.
Ele usa a freqüência dos búzios
e capta as notícias que envelheceram
antes da letra e do chumbo.
Percebe, então, que falta um elo
para cada coisa.
Possivelmente indecifrável.
terça-feira, 17 de junho de 2014
domingo, 15 de junho de 2014
quarta-feira, 11 de junho de 2014
FACHADAS
FACHADAS
Cornijas arvo/
rescidas.
Caixilhos
pensos.
Pen/
sativas
moráceas
desatrelam
as fundações
da escritura.
domingo, 8 de junho de 2014
TESTAMENTO
(quadro de Beatriz Milhases)
TESTAMENTO
Deixo-te as latas vazias
de um porre sem vinho;
deixo-te o abrigo
das pontes,
as sílabas do musgo,
a fúria de meus sapatos.
Deixo-te ainda
a minha radiografia:
o vão que fui
entre duas costelas.
TESTAMENTO
Deixo-te as latas vazias
de um porre sem vinho;
deixo-te o abrigo
das pontes,
as sílabas do musgo,
a fúria de meus sapatos.
Deixo-te ainda
a minha radiografia:
o vão que fui
entre duas costelas.
A GRANDE FORTUNA
ROGEL SAMUEL
Esse testamento deixa tudo: as latas vazias (de um
porre), latas sem vinho, latas vazias; deixa a moradia debaixo das pontes, os (fragmentos)
de textos escritos no musgo; os sapatos gastos, furiosos de tanto andar; deixa
a radiografia das costelas quebradas, o vão, o oco, o nada, a morte.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
O CRIME DA RUA NOVE
O CRIME DA RUA NOVE
Punhalada mortal.
Mas só depois de tudo
quando as serpentinas
já faziam trombeta,
foi que a vítima compreendeu o alívio
que santifica o matador.
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