domingo, 10 de maio de 2015

DO INFANTE AZUL

DO INFANTE AZUL

I

Necessito do rio e da paisagem
que me vira partir quando menino.
Da visão surpreendida ou desse quanto
pode haver em redor do meu destino.
Eram coisas e seres do meu tempo,
partes de mim que a vida, em seu balanço,
foi deixando passar, nuvem sujeita
aos ventos, matéria sujeita ao ranço.
Rubros sóis de verão, colheita breve
de azeitonas e ocasos, também contam.
Soldado entregue ao chumbo dos brinquedos,
ao som, talvez, das águas deste inverno,
quero sentir na pele evanescente
como eu seria agora, antigamente.

BARANDANÇAS  
                   Para Jorge Tufic

Se passo na¨Jesus¨ , vejo-o fechado.
Se chego na ¨Suam¨ , está deserto.
Onde pousar as asas, se essas sombras
se exilaram e o sol raios desfere?
Grande Turco, eu te invejo a caminhada
do levante ao poente, ao som glorioso
das bandurras que inventas para a noite
e se fazem na noite arcos e pontes
onde o dia amanhece e a claridade
volta a reger os ritmos e as falas.
São já três horas orbitando o espanto
de estar nesta cidade áurea e inflamada
onde ninguém me vê nem me conhece
e a tarde é uma asa clara que anoitece.

(Alencar e Silva)


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