segunda-feira, 9 de novembro de 2015

SONETO AO NARGUILÉ


JORGE TUFIC - AGENDARIO DE SOMBRAS


SONETO AO NARGUILÉ

Pitaram de seu tâmbak minha avó,
meus tios e meus pais; não sei das vezes
que o vi reunir a tribo de imigrantes
numa casa da rua dos Andradas.
Esse cachimbo agora vive só,
longe das alegrias e revezes,
da fumaça e das brasas crepitantes,
da vida com seu tudo e com seus nadas.
Em guarda, com seus ouros e sua torre,
desenhos sobre o vidro transparente,
que fim levara o traste, a pobre herança?
De água e perfume o tempo já não corre.
Mas ainda o vejo, em meio a tanta gente,
fugaz, como um sorriso de criança.

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